segunda-feira, 20 de abril de 2009

Comunicação

Somos sobreviventes de nossas próprias línguas,
Pálidos e secos em busca de um mesmo idioma.

Que nos liberte o som das palavras,
Absortos e entregues... Em comunhão!

Tudo junto num só mesmo ritmo
Em pulsação constante.

... ... ... .... ..... .. . . .. .. .
... .. .. .. . .. .. .. .. . . .... . ..

um faz-de-conta diálogo
através das vibrações

empáticas ou patéticas
conhecimento mútuo aos poucos

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

De paixões e interesses

Estado semicatatônico neste início de 2009, decepcionado com a nossa espécie que se arroga o direito de se autodenominar "sapiens sapiens"...

(suspiro...)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Uma ciência "lùgubre"

Ao longo dos últimos três meses o debate econômico tem ganhado destaque nas páginas de jornal de uma maneira voraz e implacável. Porém, como todo profissional do setor comunicação aprende cedo, o espaço no noticiário é reservado ao inédito e/ou inusitado e não a lugares comuns.

O estopim para esse furor em torno da economia global foi o pedido de falência do banco de investimentos fundado pelos irmãos Lehman há 158 anos. Nos dias subsequentes vimos dezenas de outras instituições financeiras sofrendo o impacto de uma abrupta e generalizada redução do crédito no mundo.

O anúncio da perda de 40 mil vagas em um único mês (dados do CAGED) demonstra que a crise não se limitará apenas ao mercado financeiro ou aos países desenvolvidos. O final de ano que normalmente reservamos para celebrar a confraternização ficou mais triste pela turbulência e incerteza que batem à porta.

Como discutir economia neste contexto? Para muitos, o próprio colapso do sistema global é indício de um grandioso fracasso de todos estes profissionais. Como economista de uma geração mais recente gostaria de contribuir com algumas linhas a respeito da natureza da ciência econômica, suas possibilidades e limites.

Economia é uma ciência social que visa explicar as decisões humanas sujeitas a dados iniciais e restrições. Essa última palavra é a que pauta praticamente tudo o que já se escreveu nesta seara. O mundo apresenta limites, as pessoas possuem uma capacidade de trabalho finita, máquinas tem uma vida útil e produtividade máxima dadas... Sujeito a isso, qual o "melhor" que podemos fazer?

Às vezes pode ser muito simples determinar que algumas escolhas são preferíveis a outras. Infelizmente, a esmagadora maioria dos problemas econômicos resulta em decisões sobre perdas e ganhos coletivos em que as diversas alternativas ditas "eficientes" (na medida em que não desperdiçam recursos) são igualmente defensáveis.

O raciocínio econômico pode nos levar a encruzilhadas morais onde as melhores das intenções podem trazer perdas difíceis de serem antecipadas.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Dois poemas curtos

== flickr (R) ==

As imagens passam de maneira breve
E deixam seus vestígios subliminares

Em pouco tempo milhares de lembranças
Formam duas torrentes opostas

De um lado a memória e meus sentimentos
Do outro os implacáveis detalhes eternos

Paradoxo e conflito em lacunas inesperadas
Encurralado e rendido no desafio de olhar

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== PROBLEMA ==

A vida é um fenômeno solitário em sua essência.
Por que participar da miséria alheia?
Limitando as múltiplas escolhas a duas apenas,
Defina seus espaços de coexistência e contraponto.

Resposta:_________________________________
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

sublimação do amor (em etapas)

queria te ver morrer feito minha alma gêmea desgarrada,
com todo suplício mútuo, em eterna companhia,
um acalanto a dois, intimista.
...ou talvez um pouco mais...

queria te ver morrer feito pária em família,
para fazer entes queridos sentirem a perda.
ver os lamentos esvaindo dos olhos salgados
e o arrependimento dando lugar ao perdão.
....ou talvez algo além...

queria te ver morrer como farol de seita amistosa,
recebendo o carinho profundo daquelas pessoas
que se mantiveram a uma distância segura,
vítimas de conversas desinteressadas porém fatais.
...ou talvez mais abrangente...

queria te ver falecer vestida de mártir na igreja,
um segundo antes do exército carpideiro ficar a postos,
vítima do lado mais cruel e súbito da natureza.
deixar seu fim antitético em contraponto
a uma vida como tese sóbria e sensata
da existência de um deus criativo e amoroso
ou talvez universal...

queria te ver eterna, levitando alheia a tudo,
diáfana e translúcida, em ritmo de exceção.
vociferando estrofes
(como línguas de fogo manso)
entre acalantos de brandura
(a todas as espécies necessitadas).
fulminando infiéis com um olhar de candor sem cerimônia,
aberta para todos, percebida por quase ninguém --
minha mais querida tragédia humana sem dono...

12.dez.2008 - 03h22min

[esse poema poderia ser enquadrado numa fase de "suturas" afetivas. esporadicamente sinto a necessidade de processar as emoções e sofrimentos do passado de uma maneira que seja saudável. de uma maneira mais orgânica, é como se eu rodasse o "defrag" nessas memórias partidas para deixar a cabeça funcionando melhor. o poema aqui tem um pouco de angústia, um tanto de mágoa, mas não é difícil entender a trajetória evolutiva rumo à sublimação]

domingo, 26 de outubro de 2008

Sobre vitórias políticas e eleitorais

O resultado das eleições já está definido: 55 500 votos de vantagem para Paes.

É possível que boa parte dos colegas eleitores do Rio tenha votado no candidato que teve menos votos, então como avaliar o resultado? Será que todo esse esforço para exercer nosso dever cívico foi em vão? Em algumas linhas tentarei argumentar que a resposta a essa última pergunta é um sonoro NÃO...

Sei que de partida já pode parecer "papo de perdedor", mas é importante ter em mente que o processo de votação e apuração é apenas uma de diversas etapas do processo eleitoral (que por sua vez representa um momento muito breve e particular da política mais ampla e sempre presente nas nossas vidas). Pois bem, para não ficar perdendo tempo com filosofias e metafísica, vamos aos fatos...

Afirmo que haverá uma composição entre Paes e Gabeira, ou seja, ambos saem vencedores e os perdedores ficam sendo os políticos do século XX que muito pouco fizeram por essa cidade. A analista da GloboNews aventou a possibilidade de Gabeira ter tido uma "derrota eleitoral e vitória política", então como isso pode ser entendido de uma maneira lógica com argumentos bem definidos?

Na edição de sábado último do ex-blog do atual prefeito colocou-se pela primeira vez uma falha grave no atual mecanismo eleitoral brasileiro: Cada eleitor pode, no mesmo dia, votar em sua seção E justificar o não-voto! O pior de tudo é que, se por um lado o sigilo do voto é inviolável, por outro o registro de eleitores que compareceram às urnas e justificaram ausência é aberto, então o TRE-RJ não deve ter dificuldade em efetuar o cruzamento de dados e mapear os eleitores "atípicos" (ausentes e presentes ao mesmo tempo).

Se houve uma diferença de 55 mil votos, bastam 27500 eleitores "atípicos" para melar o processo (para mais informações sobre eleições meladas, ver Bush X Gore na Flórida em 2000). Se ambas as partes estavam cientes dessa "falha" a priori, poderiam ter mobilizado a militância para explorar essa brecha (seria a estratégia "vote e depois pegue a ponte rio-niterói para justificar") como forma de garantir esse trunfo pós-apuração...

Mas a questão é que colocar o processo sub júdice NÃO é bom para ninguém, pois reduz o grau de legitimidade das urnas e ainda impõe custos para realização de um novo pleito, dando como retorno a administração solitária de um eleitorado profundamente dividido. Portanto, o ótimo para ambos é buscar uma barganha política que resulte no compartilhamento de poder. Notem que com esse raciocínio é possível explicar como uma eleição tão acirrada pode resultar numa transição razoavelmente pacífica, mas é certo que quando houver alguma oportunidade para "desvios unilaterais" rentáveis esse acordo de cavalheiros será rompido e provavelmente veremos na mídia local o reflexo desses movimentos de bastidores através de mensaleiros, sanguessugas e outras novidades do folclore político...

Especulando sobre quando haverá o retorno às hostilidades (i.e. quando o equilíbrio com conluio do jogo repetido dos prisioneiros voltará ao seu resultado estático) acho que a data crítica é 2010, com a costura de acordos se iniciando pra valer em outubro de 2009 (quando os políticos precisam definir qual legenda escolherão para o pleito). Até lá, então...

sábado, 18 de outubro de 2008

Inovações Literárias I - Começando do começo

Confissões de um quase morto-vivo - uma não-ficção paradidática

Saudações! Primeiro gostaria de lhe agradecer pelo imenso privilégio que é ter a SUA atenção exclusiva nessa curiosa empreitada literária. Qualquer escritor há de confirmar como é difícil ser lido por outras pessoas, especialmente pelos analfabetos. Então podemos aproveitar o momento para nos comprazer-nos da oportunidade aproveitada para ter acesso a uma educação minimamente razoável e chegar hoje a um momento bastante peculiar em que podemos iniciar essa comunicação por palavras.

Cuidando ainda de alguns finalmentes, anuncio dois postulados básicos que orientam o modus operandi deste autor zumbi: (1) A verdade não tem dono, (2) É conversando que a gente se entende. Na verdade para ser conceitualmente mais preciso, seria interessante partir de (1) e chegar em (2) dando pequenos passos rigorosos e bem definidos, como numa demonstração matemática. Sim, de fato, há outras maneiras mais herméticas de chegar nas mesmas conclusões, mas confiem em mim, pois um sujeito vivo e morto ao mesmo tempo de repente pode ter razões sólidas para argumentar desta maneira em vez de outra. Mas o interessante é que ao considerarmos (1) e (2) torna-se interessante abrir o espaço para interpretações divergentes da realidade e poucas coisas podem ser tão agradáveis quanto o debate. Sendo assim, disponibilizo o endereço do meu sítio virtual . Nos comentários aos posts teremos um fórum adequado para dialogar (se bem que sou suspeito para falar, pois quem manda lá sou eu! hehe)

Feitos os agradecimentos e o marketing pessoal é chegado o momento de dizer exatamente quem sou, o que fiz e tentar satisfazer a clientela da melhor maneira possível...

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Tacada #1 - Identidade

Me chamo Flávio. Pois bem, na verdade como a maioria das pessoas eu tenho um documento de identificação com um monte de outras informações, mas o que importa mesmo é que a maioria das pessoas me conhece como "flávio", puro e simples.

Sou o protagonista e autor destas confissões e sendo assim será necessário explicar meu status de morto-vivo. Notem que essa definição no início pode não fazer lá muito sentido, por isso é bom ter paciência e acreditar no narrador ou então desistir e buscar algo melhor para fazer (pelo que vejo nas livrarias cariocas do início do século XXI, a auto-ajuda continua dominando os mais vendidos). Aqueles com maior quilometragem literária devem naturalmente ter um pouco de ceticismo e podem até fazer a comparação com os meus antepassados, a dupla Brás-Machado. Antes de mais nada, é fácil chegar a um consenso e afirmar categoricamente que a analogia é banal, pois requer uma meia dúzia de bits e um processador vagabundo. Ou seja, um calouro de programação deve ser capaz de, em poucas horas, escrever um código que vasculhe um site como o da amazon.com para separar todos os cem títulos que apresentam a mesma temática central (ouvi dizer outro dia que o Brás fora inspirado num certo Tristram Shandy e achei a acusação de plágio atribuída ao bruxo do Cosme Velho absurdamente pueril). Mas deixemos os apartes de lado.

Há uma vasta gama de trabalhos que têm como foco vida e morte. E isso tem uma explicação bastante simples. Nós vivemos, um dia morreremos e temos quase que uma compulsão por partilhar histórias. E só. Se no ano do centenário da morte de Machado de Assis aproveitamos essa oportunidade para relê-lo e descobrimos que anos antes um certo Laurence Sterne inventara um narrador galhofeiro e descompromissado (pois morto se encontra) não vejo motivo para pânico. O lugarzinho dele entre os grandes seres humanos brasileiros está garantido e eu aposto que meus bisnetos acompanharão as festividades do segundo centenário de sua morte em 2108, confirmando mais uma vez o que as suspeitas do próprio escritor das Memórias Póstumas: "É só escrever uns livrinhos aí, assinar tudo, depois fundar uma ABL (que nem a de Paris) e pronto! mais dia menos dia viro imortal... Bela idéia, Machado... Bela idéia, meu caro..."

Como diz o subtítulo, esta obra é uma "não-ficção", portanto não pretendo perder tempo fazendo ilações a respeito dos pensamentos íntimos de autores mestiços e subdesenvolvidos de 1800 e tal. Prefiro focar na minha verdade particular enquanto sujeito mestiço e subdesenvolvido do novo milênio... Então voltemos à discussão inicial do que vem a ser um "morto-vivo".

Definição 1
vivo - característica peculiar àquilo que possui capacidades cognitivas e que segue uma trajetória com um ponto inicial (nascimento) e um terminal (morte).

Definição 2
morto - o não-vivo.

Parece meio óbvio, mas é bom que seja assim, pois com definições concisas e claras a gente ainda pode ir muito longe. A maioria dos leitores que não teve acesso a uma formação menos humana e mais exata provavelmente não faz a menor idéia do que é uma derivada, então prefiro dar uma intuição básica e depois deixo algumas referêlncias básicas ao final deste raciocínio (o vídeo do YouTube é ótimo...). A derivada é uma informação resumida de uma função matemática. Considere então um automóvel que segue uma trajetória ao longo do tempo que podemos descrever por meio de uma função c(t), com t variando de 0 a T (lê-se "de zero a tê maiúsculo" e não "tesão", isso é matemática, seus pervertidos!). O que importa é que a tal da derivada é um jeito que eu tenho de ter alguma idéia da cara dessa tal função, quando ela for desconhecida. Considere um problema onde é dado o ponto de partida, o ponto de chegada e uma velocidade constante. A velocidade é a derivada de c(t) no contexto automobilístico acima. O grande barato da matemática não é simplesmente fazer um monte de contas, mas tentar representar fenômenos os mais variados de um modo elegante, simples e conciso (é um ramo do conhecimento bastante minimalista).

Se afirmo que sou um morto-vivo é porque acredito que ao longo da minha trajetória pessoal de vida, passei por diversos episódios onde a morte foi a protagonista. E a minha estratégia de sobrevivência basicamente foi "matar a morte e dissecar seu cadáver com muita atenção e respeito". Um título alternativo seria "Lições de anatomia das muitas mortes do flávio", mas convenhamos, seria ainda mais umbigocêntrico do que já é...

Tacada #2 - Bibliografia
Tacada #3 - Machadadas no fio da navalha
Tacada #4 - Copidescando a Loucura Sativa da Donzela Poética
Tacada #5 - São José dos Manos
Tacada #6 - Uma fundação para honrar suicidas
Tacada #7 - Mistérios de Minas
Tacada #8 - Política (de todos e de quase ninguém)
Tacada #9 - Economíadas e o desvario de ciências sociais
Tacada #10 - Sobre guerras e crises (ou O Espólio de Aquiles)
Tacada #11 - O desfecho da ressurreição para a imortalidade


(obs: essa estrutura seria a linha mestra da obra, sujeita a mudanças e adições com o passar do tempo)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

deixe-se acreditar -- mombojó

composição: felipe s. e china

eu quero um samba pra me aquecer
quero algo pra beber, quero você
peça tudo que quiser
quantos sambas agüentar dançar
mas não esqueça do nosso trato
da hora de parar
só vamos embora quando tudo terminar
eu vou te levar aonde você quer chegar
eu tenho a chave nada impede a vida acontecer
deixe-se acreditar
nada vai te acontecer
tudo pode ser
nada vai te acontecer, não tema
esse é o reino da alegria


aos leitores: a letra de uma musiquinha pop bacana que também tem serve como cantada diferente na balada para alguma moça já conhecida (isso dá pra inferir por "não esqueça do nosso trato"... qualquer sujeito minimamente esclarecido que já tentou lançar um 'xaveco' sabe que o desfecho não tarda a chegar...

sábado, 30 de agosto de 2008

"Que seja infinito enquanto dure..."

Hei de me perder mais uma vez entre amores e desvarios,
Como antes me entreguei por completo à submissão insana

Novamente me vejo absorto em pensamentos e solidão,
Embora tente afirmar o meu progresso particular.

A verdade é que não controlo a intensidade após o trauma
E quero muito muito viver novas histórias e emoções.

A entrega por completo parece inédita,
Mas a vivência de outrora me dogmatiza.

Pareço ranzinza, ora ansioso,
Desesperado pela entrega tua.

Antecipo à vítima um compromisso mais puro
Que passa por rimas, carinho e sedução.

Que sentido há em buscar o autodeleite?
Quantos absurdos há na minha opinião?

Não, não quero uma cópia,
Procuro novidades benfazejas
E a inteira união para sempre
Que agüentar.


aos leitores: esse é um dos poemas mais importante da minha breve obra... pessoalmente acho que sintetizei um monte de experiências e frustrações numa declaração de amor com um quê de indiferença, mas a verdade é que tudo que a gente faz está sujeito à avaliação de vocês (leitores). então se a leitura for diferente do que coloquei no início desta ruminação, não há nada que possa fazer...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Táxi Legal

Esse post é curto e representa minha luta por direitos autorais.
Acredito que o Táxi Legal tem um imenso potencial para melhorar o trânsito carioca.

Com o tempo veremos algumas mudanças significativas na forma que o município atende a demanda por transporte ponto-a-ponto. E até lá já teremos discutido a fundo as necessárias mudanças para atingir um estágio de urbanidade mais evoluída...


aos leitores: essa história de táxis teve um desenvolvimento inusitado... inicialmente constatei um problema grave no trânsito carioca... como qualquer cientista social digno de nota comecei a observar o fenômeno "engarrafamento" e cheguei a uma estimativa "de padeiro" que colocava o percentual de táxis em botafogo como sendo aproximadamente igual a 30% da "população" de veículos parados. após essa simples constatação tentei convencer algum colega meu economista a estabelecer uma parceria, mas todos estavam muito ocupados ou não tinham "saco" pra essa história de trânsito. confesso que isso me frustrou, pois o trânsito é um "bem público" (aos leitores não-economistas: a terminologia adotada é específica às áreas de economia e estatística), ou seja, melhorar o trânsito melhoraria a vida de todos... depois segui uma trajetória exótica tentando extrapolar as amenidades urbanas a algo mais abrangente que deu luz a um projetinho de tese que me parece ser absurdamente interessante... mas sei lá... quem se importa? táxi é coisa de rico...... =P

Escolha sob Incerteza

I

Engraçado como as pessoas se esbarram.
Uma hora a gente é senhor de si com
Bastante autoridade
Para logo em seguida descobrir
Quanto que já está revelado.

Transgredi os limites da razão,
Vejo o que fôra oculto,
Com puro interesse
E fascinação

Façamos odes à realidade!
E que se viva a surpresa
Em contradição:

"Como é possível tantas miradas
Sem sequer desconfiar
Que estiveste em Trindade!?"

II

Olha só que peculiar coincidência!
Estava pensando em datas a esmo
E em como uma dessas pode calhar de ser
Bem mais próxima de outra qualquer
(Desencontrada...)

A primeira quarta de julho foi dia dois,
E na quinta de manhã pude te ver,
Já pela noite estava no pior pesadelo,
Para logo na segunda te reencontrar

E tudo seguir, como no instante
Em que pude ver algumas fotos
E reparar nas legendas:
Mananciais de informação preciosa
Acompanhada de um delicioso bom humor.

Desvendar, descobrir, saber...
Quem diria...

Trindade...

(Até terça!)

à leitora (se não for essa pessoa específica isso aqui não fará muito sentido): um poeminha que era pra ser inocente... apenas uma constatação de semelhanças que antes eram desconhecidas... espero não lhe ter feito mal... caso contrário, deixo aqui meus mais sinceros pedidos de desculpas...

domingo, 10 de agosto de 2008

Inquérito -- Dia dos pais

"Quadra 8 tumúlo 9 , cemitério Vila morais , segundo domingo de agosto , dia dos Pais"
(Naquele dia mais uma vez , fui tentar da um abraço no meu pai , sei lá , pode parecer loucura, abraçar quem já morreu mais ... só quem perdeu pra saber a falta que faz , de um pai ).

Meti uma peita preta vesti uma lupa escura
Juntei uns Troco pra floricultura.
Queria te dar outro presente Oh Pai uma beca
Uma camisa do timão um cd sei lá , do Zeca.
Mais fazer o que né?
O senhor que escolheu, preferiu o crime do que a
Familia e deu no que deu.
Pôs no peito dos gambezinho medalha de bronze
Passou a fazer aniversário 2/11.
Meteu os ferro roubou que roubou até umas hora , hein !!!
E onde você tá morando agora?
A 7 palmos longe da mãe de mim e da Roberta
Quando alguém pergunta do pai na escola ela Desconversa .
Se alguém ganhou nessa história foi só seu Advogado
Nóis continua morando num quartinho alugado.
E a mãe não teve estômago pra vir te visitar
Nunca mais foi a mesma depois que cê mudou pra cá.
E tem pesadelo vê vulto direto só consegue dormir tomando
Remédio.
Vive com a frase do pm no ouvido
(É minha senhora melhor uma Viúva do que mais um bandido).

[Refrão:2x]
Eu trouxe seu presente pai é um buquê de flores,
E agora o que que eu faço , eu só queria era poder te dar
um abraço.

Seus parceiro de ação nunca te abandonaram
Até no cemitério te acompanharam.
Tá lembrado do neguinho pilotão de fuga
Tá aí do teu lado ó em outra sepultura .
E aquele mano que era catador Linha de frente
Tá enterrado numa cova logo ali na frente.
Quem não entrou pra quadrilha dos finado
Tá tirando 10 no fechado do são bernardo.
cê foi baleado Lembra?
Fiquei com cê a noite inteira
Nenhum parceiro veio dá uma de Enfermeira .
Só que quando eu mais precisei cadê? cê não tava
Com 13 anos eu virei o homem da casa .
A mãe sofrendo Doente Vivia em hospital
Larguei a escola pra vender sorvete no Taquaral.
É ... cada lembrança é uma lágrima que cai
Mó saudade, mó saudade do meu pai.

[Refrão:2x]
Eu trouxe seu presente pai é um buquê de flores,
E agora o que que eu faço , eu só queria era poder te dar
um abraço.

A mãe tá indo no culto todo domingo
Graças a Deus , acho que se não fosse isso ela já tinha enlouquecido .
Roberta tá moça cresceu que é uma beleza
Já tá até cantando no coral da igreja.
Hoje quando eu te vejo nas fotos em cima do rack
Vivo , positivo , só que nos negativo da kodak .
Lembro do tempo que cê vivia com nós , cê sorria
Mais aí alegria apagou mais rápido que um flash de Fotografia.
E o mesmo crime que te levou por dinheiro Ilusão
Veio te devolve num caixão com flor e algodão.
Olha desculpa se eu falei demais , se eu pesei , fui além
É que eu precisava desabafa com alguém .
Já deu minha hora pai deixa eu ir
cê nunca escutou ninguém e não é Agora que vai me ouvir .
Quem sabe um dia nóis se Tromba nem que seja sonhando
Pra mim te dar o abraço que ficou faltando.

[Refrão:3x]
Eu trouxe seu presente pai é um buquê de flores,
E agora o que que eu faço , eu só queria era poder te dar
um abraço.

(É ... eu acho que , a vida do crime , é que nem a dessas flores que eu te trouxe ...No começo parece que vai ser linda sempre , derepente morre , desmancha , só fica os espinhos ... acho que , os espinhos é que nem a saudade , que fica machucando agente , arranhando a nossa memória ... É pai mais um ano sem você , mais um dia dos pais , sem pais , sem pai , só saudade.)


aos leitores: tem gente que tem pai legal (meu caso), tem gente que sofre mais com a figura paterna, ou acaba ignorando sua existência... esse rap ganhou o Prêmio Hutuz 2006 de melhor som do ano (e foi merecido na minha opinião..)

Inquérito -- É Gol!

Composição: Renan / Macari / Pop Black

A vida é como futebol certeza
Cada minuto uma caixinha de surpresa
Não é de hoje que a gente entra perdendo
E consegue virar o jogo no segundo tempo
Tem que vestir a camisa até fora de campo
Pra não fica na reserva esquentando banco
Jogo é jogo mata, mata
Ou cê sai com a medalha ou em cima da maca
Deus tá comigo não tô impedido vou indo
Corro não canso só paro nos 45
Primeira divisão um segundo é pouco irmão
Ninguém quer ser vice-campeão
Ninguém dá nada pra nóis de mão beijada
Por isso é mais gostoso ganhar de virada
É, e o ditado não erra
Os melhor jogador saiu dos campinho de terra

É gol deixa a bola rolar
É gol ninguém vai me parar
É gol meu time vai ganhar

É gol! quando a torcida grita no show
É gol! quando a rede balança mano
É gol! quando o meu time joga eu vou
É gol, é gol, é gol!
Fora do jogo vários parceiros
Que o juiz lá em cima deu o cartão vermelho
Não jogaram direito pisaram na bola, tão fora
E agora não rola querer entrar de sola
Olho no lance muita calma nessa hora
Simbora a torcida tá de olho em você
Lá fora não adianta se esconder
Nem todo dia ela vai tá do seu lado
Tem dia que ela mais parece adversário
Tem dia que é melhor nem sair do vestiário
Olha só o gol que eu fiz
A torcida tá feliz
Mas não vacila não
Só comemora quando a taça tiver na sua mão

Refrão

Eu vou passar, fintar, pedalar
Eu quero ver a torcida gritar: gol!
Ficou pra trás agora jaz
Jogada de efeito é pra quem pode mais
Eu vou passar, fintar, pedalar
Eu quero ver a torcida gritar: gol!
Furo a retranca quebro a banca
Ta lá, não adianta chorar


aos leitores: 2008 tá se mostrando um EXCELENTE ano do ponto de vista musical (pelo menos eu tou gostando muito dos lançamentos até o momento)... "um segundo é pouco" parece ser um álbum e tanto! ah, e essa musiquinha consegue simplesmente ser uma das melhores a lidar com essa paixão nacional que é o futebol...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A conversa (que não houve)

Já se perguntou, amiga, o que aqui fazemos?
Nesse telhado, de frente para o luar,
E os espaços infinitos entre as estrelas,
E os espaços finitos entre todos nós...
Já se perguntou, alguma vez,
O que será que estamos a observar?

Se dias e noites de transeuntes da cidade,
Ou noites e dias de gatos a pular, telha a telha,
Nos lençóis da madrugada.
Onde não existe tempo, não existe idade,
Mas somente a brisa noturna
A acalentar toda alma soturna...

Será que importa o preço do barril?
A nova tendência da moda praia?
O novo artilheiro da vázea?
Será que tudo não passa de uma grande brincadeira?
Ardil de anjos arteiros
Que mesmo nas noites de luar
Gargalham, incontroláveis, até a alegria findar?

E quem cai na armadilha de acreditar
Que somos apenas cidadãos de tal nação,
Trabalhadores orgulhosos de tal corporação,
Fiéis de alguma ou qualquer religião...
Espera sempre pelo céu que há no porvir,
Mas nunca, nunca se prepara,
Para qualquer frustração que há de vir...

Será que existe o telhado?
Será que existe essa conversa?
Será que existem gatos a pular?
Ou, antes de tudo isso,
Existem amigos, e amizades,
Existem seres conscientes de si,
E consciências etéreas, esvoaçantes...
Indetectáveis senão pelo amor, e pela dor,
De observar ao mais belo luar
Sem ter minha amiga para conversar?

raph'08




aos leitores: já já vai virar rotina... chega o dia 31 de julho e eu acabo lembrando de uma parte importante da minha formação como "sujeito-homem"... o que eu tinha pra escrever sobre a moça do retrato acima já está escrito... então abri espaço para um convidado muito especial... Raph Arrais foi um grande amigo dela, além de ter sensibilidade o bastante para escrever um poema num formato que seria difícil para mim...

domingo, 27 de julho de 2008

Innocent bystander

Aspirando a fumaça equivocada,
Fechado em copas, de soslaio
Observo trajetórias alheias
Agrido pessas a esmo
Me viro com melancolia

Seguimos perdidos
Á toa
Contando salários
e years.

"É o acumulado no ano....
Federal withholding
Menos uns dez por cento,
Deve ser a retenção na fonte."

(silêncio)

aos leitores: esse é daqueles poemas que meus colegas odiavam nos tempos de colégio... é bastante hermético e cheio das complicações para dificultar a compreensão... um bom começo que é estragado pelo final.

domingo, 13 de julho de 2008

Sobre os Caídos

O orgulho um tanto ferido quanto manchado.
A análise minuciosa do sabor de asfalto.

Uma confusão de dor, vergonha,
Parálise, contato e desonra.

Verdades fraturadas e reconstruídas,
Parcialmente atadas, em ruína.

Filosofando em compulsório repouso,
Revestido de embuste e rima,
Armando um jogo mental furioso
Forjado de bipolaridade cretina.

(incompleto?)


aos leitores: faz parte da fase 'estabaco' deste q vos escreve. a tentativa de rimas vocálicas não ficou tão ruim assim...

Manual de Instrução para Quedas

O primeiro passo
Pode ser o bastante.
As evidências acumuladas,
Entretanto,
Registram sucessivos deslocamentos
Até a definição.

Uma pedra no caminho,
A falta de atrito
No terreno acidentado,
Qualquer canelada rasteira
Com seu dolo eventual,
Ou uma casca de banana
Anedótica.

Lugares comuns são estopim
Que suscita a partida sem volta.
Imediatamente registra-se a
Suspensão do descrédito,
Ciência do encontro inesperado
Por vir.

Tombos e estabacos
Habitam um mundo de resultados
Pré-determinados e destino.
A depender das circunstâncias,
Resistir ou contestar será
Em vão.

Após a surpresa constatada,
É preciso aceitar submisso, pois
Existe apenas uma breve janela
para minorar os danos futuros.
Os milissegundos em questão
Permitem somente espasmos
Reacionários.

Durante a próxima etapa
O único papel cabível é o
De espectador privilegiado,
Testemunha ocular do súbito
Rebaixamento de bípede a ser
Rastejante.

Curioso perceber a cronologia
Das sensações invertendo a ordem
E o fato da dor ganhar destaque bem depois de
Um beijo no asfalto.

Uma queda mais ambiciosa
Traz sofrimento crescente e adota
Sutilezas, como os pontos de
Impacto coadjuvantes, onde (aí sim) revela
Pleno potencial.

Pode-se questionar
Equívocos de instante
Ou pensar nas seqüelas a prazo.
Amarras que atam outrora e adiante:
O verdadeiro suplício.

aos leitores: fase 'estabaco'... umas imagens interessantes, uma perspectiva temporal... enfim, são as coisas que me interessam quando paro na frente do teclado pra escrever... até que não ficou tão ruim...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Seguro de Vida

Antes de mais nada, cumpre observar que este espaço é um lugar para os meus textos pessoais, refletindo portanto a minha opinião, única e exclusivamente. Aqui sou rei e mando e desmando conforme bem entender.

Agora, esses bits e bytes que eternizam meus pensamentos vêm com data marcada indicando exatamente quando foi o instante em que cada coisa foi publicada. Publicar em um blog não é algo imutável, decerto, mas basta deixar tudo quieto por aqui que no final teremos um documento armazenado nos mainframes da Google, confirmando que tais e tais palavras foram registradas em tal dia e tal hora.

Então, se eu faço um breve interlúdio no ritmo das poesias para explicar esses trâmites legais é somente para escrever um seguro de vida no lugar de testamento. Engraçado, né? O melhor lugar para expor acaba sendo o mais universal, pois aqui posso extravasar e descrever fatos com a riqueza de detalhes enorme. Logicamente, é preciso ter responsabilidade perante os fatos para não cair em perjúrio... Segue então uma peça que carinhosamente batizei de O TESTEMUNHO DA VÍTIMA (nomes modificados para evitar o comprometimento dos envolvidos, antes da hora necessária):

+ Fato 1: Conforme o recibo do cartão de débito (Prova 1) às 22h53min da Quinta-Feira, dia 3 de julho de 2008, a vítima pagou a conta em um bar (CABRITO AZUL) localizado no bairro de Botafogo.

+ Fato 2: De acordo com testemunho de um gerente do referido estabelecimento, havia uma preocupação a respeito do bem-estar da vítima e de sua capacidade de voltar para casa sem se acidentar. Também de acordo com o dito gerente, ao sair do bar uma viatura policial passou em frente e parou para averiguar a situação.

+ Fato 3: Após assegurar o gerente de que a vítima seria interpelada para garantir a sua própria segurança, o Sargento HEMATOMAS a abordou acompanhado de mais um elemento, que a imobilizou e a levou a uma localidade então indeterminada onde foi segura junto a uma maca hospitalar, enquanto o referido Sargento esvaziava seus bolsos (Após investigação posterior, confirmou-se que o local do incidente fora a garagem de serviço do Hospital SARRACENO, nas imediações).

+ Fato 4: Após a vítima demonstrar ciência do nome em sua farda de serviço, o referido Sargento alterou seu procedimento, buscando caneta e papel para anotar informações relevantes à rotina da vítima (CPF, RG, local de trabalho), retornando todos os documentos à carteira (Favor referir Prova 2 - camiseta marcada por traços de uma caneta esferográfica azul).

+ Fato 5: Como forma de demonstrar que a ameaça ao bem-estar futuro da vítima era real, o Sargento pegou a muleta de apoio que a vítima portava e golpeou diversas vezes o chão, até que ela se quebrasse (Ver Prova 3).

+ Fato 6: Em seguida a vítima foi libertada, tendo sido retornadas sua carteira e os dois pedaços da muleta. Acredita-se que os elementos tenham mantido consigo o celular Siemens C72 e uma pequena quantia em dinheiro que estava na carteira (por volta de R$30).

Após esse incidente a vítima regressou ao seu domicílio.

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Afinal de contas, pra quê serve esse texto? Acho que o principal problema disso tudo é saber como a vítima pode continuar com a sua rotina e enfrentar esse trauma lastimável. Provavelmente seria uma boa idéia registrar tudo isso o quanto antes em uma mídia que servisse de prova documental de que essas coisas ACONTECERAM sim. Para além de BOs, de denuncismo discado e anônimo, acho que o essencial é colocar o máximo de informações sobre isso o mais rápido possível, de modo que, se qualquer ameaça se concretizar, será possível voltar para bem perto da data em questão e mostrar tudo que já estava lá (violência, ameaça, etc.). Pois, francamente, acredito que essa tal vítima não tenha perdido muito tempo de sua vida tendo contato com bares, hospitais e policiais, a ponto de ser possível tecer qualquer trama sórdida e desabonadora a seu respeito.

E se acontecer um acidente urbano desses que marcam a tragédia do nosso dia-a-dia (atropelamento, latrocínio, bala perdida)? Bom, mais uma vez teremos essas palavras escritas para determinar um ponto de partida para uma investigação realmente profissional. E neste caso, a depender da gravidade do dano, não haverá nada mais a fazer além disso. E que a força da justiça recaia sobre os culpados!


aos leitores: um testemunho sobre um episódio exótico acontecido poucos dias antes deste post ser escrito. foi um jeito de exorcizar o trauma o quanto antes e não ficar achando que a vida é cheia de bicho-papão... (não tem muito valor "estético-literário".

sábado, 5 de julho de 2008

Limiar

Vejo logo à frente
As raias da loucura
Onde euforia e caos dançam em desespero.
Me convidam a participar
Com meu passo ébrio
Das sessões de descontrole e perda.

Não há livre arbítrio
Para decidir racionalmente,
Pois sou um graveto no olho do furacão.
Cambaleio e disfarço,
Sou tragado pela mata escura,
Me tornando a alma da festa macabra.

Insânia e pesadelo
Substanciados na exótica realidade
Que nostalgicamente evoca torturas em anos de chumbo.
Até onde vai a vontade
De resistir sem ser quebrado?
Quanta violência até ouvir gritos de socorro?

E se pestanejar resoluto
Mesmo depois de perder os apoios?
Há que se pensar sempre no dia seguinte,
No próximo e no porvir,
Quando só restarem cicatrizes
E um semblante de couraça inabalável.

De fato, não há
Critérios definitivos,
Nem um limite para o sofrimento.

O que restará quando
Cada osso jazer em pedaços
E a loucura for o único alívio à solidão?
Mais uma dose, por favor.
Aquela última era bem fraquinha...
A noite vai ser longa e vou ficar de pé até o final.

[ 05-jul-2008 | 09h43min ]

obs: dois restar a corrigir...


aos leitores: esse aqui saiu do forno quando o coração ainda palpitava pela agressão e furto que sofri... então é natural que haja feridas abertas que não são particularmente fáceis de cicatrizar. mas com terapia e força de espírito a gente sempre consegue seguir adiante... com lucidez e vontade de chegar mais longe...

terça-feira, 1 de julho de 2008

“Festa de rua”

Oh vento que faz cantiga nas folhas
No alto dos coqueirais
Oh vento que ondula as águas

Eu nunca tive saudade igual
(Dorival Caymmi in “Saudade de Itapoã”)

Imprisoned guessing games
A wandering childbearer

A rainy downpour washes away
Puddles into streams

Mais uma brej

Ambiance
Melodies
Odoricrous resins
Synesthesia

Awe
Marvelous conspiracy of the weather
In cohorts with Caymmi’s Bahia

A primordial groove
Denies the mere possibility of tears
Let alone despair

Murmurs of life
Can be read in assorted hues

The unabashing silence
Forecasts a breeze

All is quiet
No need to hurry

Cem barquinhos brancos
Nas ondas do mar
Uma galeota a Jesus levar
Meu Senhor dos Navegantes
Venha me valer
Venha me valer
Venha me valer
Venha me valer
A Conceição da Praia está embandeirada
De tudo quanto é canto muita gente vem
De toda parte vem um baticum de samba
Batuque, capoeira e também candomblé
(Dorival Caymmi in “Festa de rua”)

(21-dez-2006)

Relembrando o passado, na expectativa de que tudo dê certo até 21 de julho...

sábado, 28 de junho de 2008

acróstico I

A moça de quem falo
Não peca pela indiscrição,
Ainda que viva feito pulsar.

Linda como alguma coisa brilhante,
Uma jóia viva e cheia de frescor.
Inocente e sutilmente lasciva,
Suprema em seu jeito manso.
Acho impossível descrevê-la.

Talvez fosse possível
Outra estratégia que
Lidasse com detalhes
E refletisse a luz
Dos seus
Olhos.

Passo em branco e é
Inútil
Zangar-se
Ante seus comentários ferais.

Pois sua essência
É branda e
Só depois de anos
Se fez clara e presente.
Ó, como pude ser tolo!
Acho-te a espécie mais bela!

A noite nos faz cúmplices enquanto
Rumamos aleatoriamente em uníssono.
Ainda falta tanto afeto percebido...
Usei o teu nome como guia,
Julguei a perfeição como ti,
Ou será que fiz só um elogio?

aos leitores: "acrósticos" são uma tradição familiar consolidada a pelo menos três gerações. esse foi o primeiro que fiz, então para facilitar escolhei um nome fácil que tivesse algum histórico mínimo (pois assim evito absurdos como versos sem cadência que não fazem o menor sentido para a pessoa homenageada pelo mesmo, mas para se resguardar é sempre bom adotar uma perspectiva amorosa "vinicius-de-moraesiana"... se rolar rolou, se enrolar enrolar, se ignorar...deixa pra lá... no fundo tanto faz...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

roça libre *

400 ml de coca-cola normal + 6 cubos de gelo + 1 colher de sopa de ovomaltine + 1 dose de pinga = roça libre

* medidas podem variar...



aos leitores: esse drink é horrível, não façam isso em casa (nem com a supervisão dos pais)...

terça-feira, 17 de junho de 2008

tão simples

novamente há manchas
onde jazia o branco
do inverso destas linhas.

minha mente hesita e dança,
faz mistério e terapia.

desordeira vida urbana
em suplício e agonia!

sem saber qual é o plano,
à espera de uma rima?

quantificando o fôlego manso
do limite à utopia,
risco frases em quebranto --
rotas de fuga ao dia-a-dia:

perseverar ignorando
significados/etimologia

[16.jun.2008 14h22min]


aos leitores: uma fase bacana dos últimos tempos... uma homenagem a santa teresa e seus habitantes (mesmo os temporários)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Europa (intro) by Max Von Sidow

You will now listen to my voice.
My voice will help you and guide
you still deeper into Europa.

Every time you hear my voice,
with every word and every number,
you will enter a still deeper layer,
open, relaxed and receptive.

I shall now count from one to ten.
On the count of ten,
you will be in Europa.

I say one.

And as you focus your attention
entirely on my voice,
you will slowly begin to relax.

Two.

Your hands and your fingers are
getting warmer and heavier.

Three.

The warmth is spreading through
your arms, to your shoulders
and your neck.

Four.

Your feet and your legs get heavier.

Five.

The warmth is spreading
to the whole of your body.

On six I want you to go deeper.

I say six.

And the whole of your relaxed
body is slowly beginning to sink.

Seven.

You go deeper and deeper and
deeper.

Eight.

On every breath you take you go
deeper.

Nine.

You are floating.

On the mental count of ten you
will be in Europa.

Be there at ten.

I say ten.

aos leitores: um prólogo muito bacana, assistam a esse filme!

domingo, 8 de junho de 2008

A number with Mister M

Oh joyful bliss of vengeance
that smythes your puny deeds!
Look how it springs and bursts
at your marveled feet!
Can it be a light for real
and unveil the clout of deceit?

As I await the final deliverance
from this ordeal, let peace
and fortitude prevail,
transcending foes into mincemeat.

And to savor such an exquisite banquet
before awe-struck eyes
hypnotized by debonair.

The boldest moves disguised by a sleigh of hand,
teleporting me into redemption like a trick.
It all seems so simple...

Let this be the only published guidelines
detailing the inner workings that allow you
to go from point A to B
without notice.

There we have it! Out is a man
(replacing the black sheep)
with a blank fearless stance,
cooking his bile and
bringing the most perfect gift.

How did he do that?!




aos leitores: isso aqui foi beem legal, uma vingança pacífica... uma tentativa de recuperar um pinguinho de dignidade perante pessoas que me acompanharam durante a infância... vou me reservar o direito de só falar isso neste espaço.

sábado, 7 de junho de 2008

Eterno retorno

”Luto preto é vaidade
Neste funeral de amor
O meu luto é a saudade
E saudade não tem cor”
(Noel Rosa in “Silêncio de um minuto”)


Contei as horas e repassei cada momento em sua companhia

Lamentando a ira juvenil logo de partida
Maravilhado com a trama urdida a fado
De novo persisti monolítico
Esvaziando as rotas de fuga

Acompanho as velhas pegadas
Corríamos loucos ribanceira abaixo

A perfeita sincronia
A negação do indivíduo

Desesperadamente
Como ao final da maratona de dança

Olhei o suor no chão
Contando a história gota a gota
o que foi construído
o que já se perdeu
o que ainda vive em mim

Não

Não compreenderiam a intensidade do vínculo
Muito além das horas no dia
Aspirando à cumplicidade plena

Se fosse preciso reduzir
Tanto tempo a um único derradeiro instante
Passaria feliz a eternidade
A descartar bagagens ao umbral da porta
Para içá-la bem alto
Rodando e rodando
Em pânico de beijos e abraços e

Aplacar o turbilhão da saudade


(04-dez-2006 17h40min / um poeminha perdido entre bytes)


aos leitores: uma reciclagem poética... acho que foi uma das duas melhores poesias que poderia dedicar à 'donzela poética'... lembrança do regresso de uma viagem longa.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

"Um drinque à distância"

tava lá no começo da rua... sentado em um banco, com uma cervejinha no outro e as muletas encostadas num terceiro, vazio,
e então começaram a aparecer umas frases...
(é difícil acontecer de repente, sabe?)
era algo mais ou menos assim...

um brinde à bebida ausente!
eu te saúdo mesmo à distância,
imaginando ébrias alegrias,
como se estivesse tão próxima
quanto a nossa comunicação...


(pronto, acabou...)



aos leitores: para uma amiguinha bacana que não pude conhecer em pessoa...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

another trance poem

never skip a beat
after hours
never skip a beat

trance until you follow
step away while you leave

never skip a beat

drive into the night
quite lost but unafraid

awake until tomorrow

chooning away
too deep


-cronopios-
-2008.05.16-



aos leitores: da época em que estava de 'castigo' em casa, escutando uma radiozinha de trance pela internet... tentei escrever algo no estilo, mas o resultado ficou pífio...

4 AM -- Kaskade

Sleepless gliding
Over the city lights
Watch us flying
Over the streets tonight

And I say
There's a way, there's a way I know
There's a way, there's a way I know
There's a way, there's a way
I know that someday we will surely find it
There's a way, there's a way I know
There's a way, there's a way I know
Someday, there's a way
Someday, there's a way I know it

Sunday morning
Watching the city sleep
Dreams are shining
Finally they're within reach

aos leitores: uma letra que escutei algumas vezes em uma rádio de trance... mas sei lá... acho que foi uma modinha pessoal que já passou...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Instinto maternal que desafia a natureza (ou Yom Kippur)

O assunto de hoje é o relacionamento
entre duas espécies distintas,
arquétipo milenares.

Artista e sua obra
que realiza o grande sonho
renascentista:
Parla!

E eu digo agora:
É o seu dia.

Muito penso sobre essa data
e é tanto que sinto.

Melodias em voz de soprano
da menininha com seus filhotes.
Enleio e acalanto.

Quantas memórias doces poderia elencar...

Para ser breve passo à próxima,
pois é a mais importante.

A criança mudara anunciando um desafio:
-- Quero ser gente por mim mesmo e abandonar o abrigo.
Viver aventuras ignotas!

Logo naquele instante um coração hemorragia
E a ferida aberta nunca poderia doer tanto.
Caso não percebesse na hora,
em seguida a veria ser partilhada
com distinta solidariedade.

Now here I am, mother,
Trying to dissuade you,
Avoiding most of the shrapnel,
And I endure amid some cries,
Hardly faltering as I plod along
My via crucis.

But such is our love,
We had amended.
Much more sincere than an armistice
Are the peaceful terms settled.

Mediado pela moça de versos
Que me convenceu a voltar a amá-la,
Como nem mesmo minha própria mãe
Haveria de merecer.

The higher we jump, the harder we fall.
So I felt a conspiring sweep
Eliminate the steady ground below.
Skydiving into a ravine...

Defy all logic, and please
Transfer to me guilt
From the decade past.
I beg of you!
Denounce your offspring and
Make do with a knife slashing through
Your first-born.

There you have it now:
Blood splurting at our feet
Can't really tell whether it's
Yours, mine or his.

Parece que pode ser a gota d'água
E olhamos assustados
Para o ser hostil a nossa frente.

(De todos os mitos helênicos,
Medéia inspira o máximo temor.
Transgride o porto seguro materno
E vitima entre contos de ninar...)

Machuca o esforço de ser otimista.
Ignorando cargas recentes,
Aquiesço a tolos pedidos
E desobstruo as mesmas portas de sempre.

Dia das mães.
Dia do perdão.



aos leitores: esse é outro dos complicados... cheio de histórias... cheios de mágoas... buscando alguma reconciliação, pois a vida é curta demais para acumular rancores...

domingo, 9 de março de 2008

Maiêutica (ou Parindo Artigos)

Balança do poder e o pacifismo brasileiro na América do Sul sob uma perspectiva racionalista. Uma análise de disputas com a Argentina que não desencadearam em conflitos armados (1870-1991)

Como explicar o pacifismo brasileiro? Desde o fim da Guerra do Paraguai o Brasil se absteve do uso da força ante seus vizinhos sul-americanos. Este artigo pretende estudar a relação entre dois potenciais adversários continentais que não se valeram da guerra para comunicar suas preferências até finalmente firmarem o Tratado de Asunción que criou o Mercado Comum do Sul.

A partir de uma análise racionalista e variáveis quantitativas avalia-se quão (im)provável seria um enfrentamento bélico entre Brasil e Argentina no período que vai de 1870 a 1991.
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Ao lado da linguagem escrita e do comércio, guerras aparecem como manifestações universais de vida em sociedade. Trata-se de um elemento inextricável da paisagem humana, tanto que não é fácil determinar nem mesmo períodos breves em que o mundo se viu livre de conflitos armados. O historiador militar alemão Carl von Clausewitz em sua frase mais célebre afirma a “naturalidade” de enfrentamentos bélicos ao apresentar a guerra como “uma continuação da política, por outros meios”. A despeito de questionamentos quanto ao seu caráter destrutivo, a agressão militar integra, a qualquer instante, o conjunto de escolhas disponíveis a governantes mundo afora.

As relações internacionais brasileiras destoam do padrão de comportamento apresentado acima. Desde a Guerra do Paraguai em 1870 o Brasil não mobiliza tropas para resolver conflitos regionais pelo uso da força. Ao abdicar por tanto tempo de um recurso amplamente utilizado por outras nações, a diplomacia brasileira apresenta um curioso dilema: Por que somos tão pacíficos?

Embora a questão seja simples em sua formulação, uma resposta satisfatória seria demasiado extensa e estaria além das capacidades do autor. Em vez disso, prefiro considerar um problema distinto mas relacionado à mesma agenda de pesquisa: Quão improvável é o pacifismo brasileiro?

O instrumental adotado para esta investigação é o de teorias racionalistas, que visam algum sentido lógico no comportamento de nações no plano externo, se distanciando de explicações baseadas nas características idiossincráticas de mandatários ou em peculiaridades culturais específicas a cada povo. (...)

O Racionalismo e a Ciência Política (abstract)

Uma das questões fundamentais no estudo da teoria política diz respeito aos aspectos que determinam a praxe no mundo real. As mais diversas explicações a considerar podem, do ponto de vista comportamental, serem divididas entre as idiossincráticas e as generalizadoras.

Não me parece difícil argumentar em benefício das últimas em detrimento das primeiras. Mas antes de mais nada precisamos determinar critérios e formas de comparação a serem partilhados.

Este artigo discute a multiplicidade de caminhos na elaboração de uma ciência política e defende o racionalismo como direção a seguir. Sem se concentrar em um único problema específico, o autor pretende não apenas discorrer sobre vantagens como também comentar limitações inerentes a essa abordagem. Trata-se de um ensaio informal a respeito da metodologia em ciências sociais.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Reminiscências de 2002 -- Prelúdio (?)

De dia e de noite vozes esparsas indagam errantes:

−Que vês na poesia?
Arte simplória de palavras cinésias,
Embuste retinto ludibriando leitores,
Revoltas num autorama de brinquedo oxidado,
Proposta de outra vida, entrelinhas.
Por que se alimentas da poesia?

Minha sina remonta a tempos longínquos,
Emana a presença da busca por caminho;
Juventude imaculada pelo ódio, amor e virtude,
Fruto de desavenças apenas vistas,
Um paradoxo inexistente a me iludir…

−Poeta malandro! que enrola e se esquiva,
Responde! Responde! Pra quê inventar poesia?

Vidas, pessoas, fantasias são como cartas em um baralho;
Normalmente se confundem, às vezes se destacam.

−Agora foges dissimulado, petulante…
Que mal há nas interrogações?
Que dor é essa que em suas elipses se expõe?

O estudo das coisas e ponto
Não traz o conforto, apenas benfeitoria.
A conivência de amores em chama
Desfaz o remoto e apenas definha.
Um salário, dois carros, renome e um Porsche
Tudo que é ou não é Nada… a nada expia.

De repente só durmo acordado
E o meu peito em prelúdio constante vigia,
Percebe a presença das liras e confirma:


− “Como eu gosto e desgosto essa voraz poesia!”

[ 27-jul-2002 ]

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Vinicius de Moraes - Samba da Benção

Mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não.

Senão é como amar uma mulher só linda... e daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher...

Pet peeve lingüístico: MAIS BEM

Para quem aprecia organizar letrinhas ou vê-las concatenadas de maneira agradável, 2007 foi um ano ambíguo. Bom, obviamente agora vou reduzir o ano inteiro a dois aspectos opostos que girem em torno do tema introduzido há pouco. Lá vai...

- O gerundismo teve sua sentença de morte decretada no Diário Oficial do Distrito Federal. Quando um cacoete desagradável vira factóide político, pode ter certeza que já está de malas prontas para o limbo das pérolas, onde mora "a nível de".

- Uma nova desgraça nos assola... O "mais bem" veio com tudo nesse ano, servindo até de recurso para desqualificar nosso ex-presidente intelequitual. Pouco importa saber que há casos em que "melhor" está errado, se o certo for essa expressão foneticamente desagradável prefiro reescrever a frase inteira e me esquivar desta maledetta. Vamos ver um exemplo, extraído do UOL:
Assim, Dunga aparece como mais bem avaliado do que Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari em períodos de tempo semelhantes no time nacional.

Francamente, será que é tão difícil assim escrever "com uma avaliação melhor/superior às de Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari..."?

Tomara que o novo ano cuide dessa nova praguinha lingüística!

Feliz fim de ano!

domingo, 16 de dezembro de 2007

"Chega de saudade"

Outro dia após uma ensolação escaldante
Vivenciei a minha primeira miragem messiânica

Não surgiram línguas de fogo, nem o diabo a me tentar
Com seu embuste de areia

Porém como em milênios de outrora,
Passei por epifanias enquanto caminhava no
Deserto solitário.

Delirei, louvei...
Transcendi?

O saber técnico contemporâneo
Deve até discordar
E como todo ser totalitário
Imporá sua versão sem espaço para debate.

Passadas as horas do transe
(acordado pelo sol de madrugada)
Fico sem saber mais o que é real
(questiúncula desimportante, aliás)

Só torço para a ninfa de então
Suportar o elemental da água
E que nos reencontremos um dia
No reino da fantasia.

from <__________@gmail.com>
to _______@hotmail.com,

date Dec 14, 2007 9:08 AM
subject "Chega de saudade"
mailed-by gmail.com

sábado, 15 de dezembro de 2007

Concreto: uma rocha entre rochas - Paul Chadwick



"...I've learned to accept that there are things I just can't do...

There will always be barriers between me and what normal people can do.

But every adult must eventually face the limitations of his life. We don't get to do and have everything.

We play the cards we're dealt."


Concrete


The Road Not Taken - Robert Frost (1874-1963)

TWO roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

[first published in Mountain Interval, 1920]

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Priorizem as prioridades - BNegão

Pois se a liberdade hoje se parece com 1 cigarro ou com o carro mais potente do mercado
Me desculpe, mas as bolas foram trocadas bem na sua frente
E você nem se tocou; pagou, comprou, levou assim mesmo o seu atual presente: felicidade completa como uma boca sem dente, tão libertário quanto uma bola de ferro com corrente algemada aos seus pés.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

INCOMPREENSÍVEL PARA AS MASSAS -- Maiakóvski

[Um poeminha em homenagem às pessoas que fogem ao comportamento absurdamente típico da maioria (ou da média... que consegue ser ainda mais nefasta que a maioria).]


Entre escritor
e leitor
posta-se o intermediário,
e o gosto
do intermediário
é bastante intermédio.
Medíocre
mesnada
de medianeiros médios
pulula
na crítica
e nos hebdomadários.
Aonde
galopando
chega teu pensamento,
um deles
considera tudo
sonolento:
- Sou homem
de outra têmpera! Perdão,
lembra-me agora
um verso
de Nadson...
O operário
Não tolera
linhas breves.
E com tal
mediador
ainda se entende Assiéiev
Sinais de pontuação?
São marcas de nascença!
O senhor
corta os versos
toma muitas licenças.
Továrich Maiacóvski,
porque não escreve iambos?
Vinte copeques
por linha
eu lhe garanto, a mais.
E narra
não sei quantas
lendas medievais,
e fala quatro horas
longas como anos.
O mestre lamentável
repete
um só refrão:
- Camponês
e operário
não vos compreenderão.
O peso da consciência
pulveriza
o autor.
Mas voltemos agora
ao conspícuo censor:
Campones só viu
há tempo
antes da guerra,
na datcha,
ao comprar
mocotós de vitela.
Operários?
Viu menos.
Deu com dois
uma vez
por ocasião da cheia,
dois pontos
numa ponte
contemplando o terreno,
vendo a água subir
e a fusão das geleiras.
Em muitos milhões
para servir de lastro
colheu dois exemplares
o nosso criticastro.
Isto não lhe faz mossa -
é tudo a mesma massa...
Gente - de carne e osso!!
E à hora do chá
expende
sua sentença:- A classe
operária?
Conheço-a como a palma!
Por trás
do seu
silêncio,
posso ler-lhe na alma -
Nem dor
nem decadência.
Que autores
então
há de ler essa classe?
Só Gógol,
só os clássicos.
Camponeses?
Também.
O quadro não se altera.
Lembra-me e agora -
a datcha, a primavera...
Este palrar
de literatos
muitas vezes passa
entre nós
por convívio com a massa.
E impige
modelos
pré-revolucionários
da arte do pincel,
do cinzel,
do vocábulo.
E para a massa
flutuam
dádivas de letrados -
lírios,
delírios,
trinos dulcificados.
Aos pávidos
poetas
aqui vai meu aparte:
Chega
de chuchotar
versos para os pobres.
A classe condutora,
também ela pode
compreender a arte.
Logo:
que se eleve
a cultura do povo!
Uma só,
para
todos.
O livro bom
é claro
e necessário
a vós,
a mim,
ao camponês e ao operário.
(Tradução de Haroldo de Campos)

domingo, 9 de dezembro de 2007

Eta Carinae

Extraído daqui
Eta Carinae está no fim da vida. Com cerca de 2,5 milhões de anos, restam a ela no máximo 500 mil anos. O problema é que a morte da estrela nesse estágio poderá causar um grande impacto na vida da Terra. Estrelas com essa massa morrem como hipernovas, brilhando como todas as estrelas do Universo juntas (100 bilhões de vezes 100 bilhões de sóis). Esse ''flash'' inimaginável emitiria uma rajada de raios gama capaz de abrir um rombo na camada de ozônio que protege a Terra dos raios ultravioleta do Sol. Em questão de horas, regiões inteiras do planeta seriam torradas. Como a estrela já está expelindo átomos pesados, essa explosão pode acontecer, literalmente, a qualquer momento.


Resenha do showzinho... assim que voltarmos dos comerciais!

Teclando aleatoriamente

Me lambuzo com esse doce deleite,
Brincando com as palavras,
.Infâmia inconseqüente..
Apresentando aliterações que não
passam de uma desculpa esfarrapada
que justifique o uso da trema.

Me inebria esse quebra-cabeça de orações
subordinadas adversativas com seus múltiplos
caminhos possíveis.

A retórica que pode ser ajustada.
Ora é "tapa de pelica" com afeto
Ou então "esmaga o opressor, aniquila, fulmina"

Falo de palavras com o mesmo fascínio
do exímio espadachim por sua lâmina.
As mãos que anseiam ferir
através da ferramenta cortante.
Mostrando de forma cerimonial toda letalidade latente.

Por vezes sinto um fluxo torrencial de palavras
que exigem serem escritas a um ritmo frenético de
milhares de teclas por minuto,
feito uma submetralhadora de uso exclusivo militar,
que estraçalha a esmo...
Ao arrepio das leis.

Fico então em cárcere privado.
Me acompanham os fonemas e sintaxe
num processo que não parece
ter fim.

Um diálogo que pode ser vetado

Abaixo transcrevo um post do Reinaldo Azevedo, acompanhada do meu comentário logo em seguida. Como ele modera o debate (assim como eu) em seu bloguinho decidi que caberia colocar aqui só para lembrar...

Samba-do-crioulo-doido. Ou ziriguidum, balacobaco, telecoteco...

Por Nicola Pamplona, no Estadão de hoje. Volto depois:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu com a liberação de R$ 12 milhões para as 12 escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca. O dinheiro virá da Petrobrás e das companhias petroquímicas Braskem e Unipar. Segundo o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), um dos objetivos é afastar “más influências” das escolas, que têm histórico de ligação com o jogo do bicho e com o tráfico de drogas. “(As escolas de samba) precisam de autonomia para que más influências não prejudiquem um patrimônio do povo brasileiro”, afirmou Cabral, lembrando que o carnaval foi tombado como patrimônio cultural pelo Ministério da Cultura. Questionado sobre quais seriam as más influências, desconversou: “Qualquer má influência.” (...)
A ajuda às escolas de samba foi definida em reunião ontem pela manhã no Hotel Glória, zona Sul do Rio, com representantes das agremiações e da Petrobrás, além de Gilberto Gil (Cultura). Na saída, Gil admitiu que o apoio do governo pode reduzir a participação da criminalidade no carnaval carioca. “Não é a partir disso que o Ministério da Cultura se move no sentido de um parceiro, mas ajuda. Todo aporte de recursos a ações culturais da comunidade é um fator inibidor dos riscos da ilegalidade, do convívio com a criminalidade”, disse Gil, sem informar como será a fiscalização dos gastos dessa verba.
Assinante lê mais aqui

Voltei
Sei... É a lógica do “eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui, pedindo..”. Imaginem se um evento como o desfile das escolas do Rio precisa de dinheiro oficial... Por quê? Não há ninguém no mercado interessado em patrocinar as escolas? Isso me lembra a conversa mole do financiamento público de campanha: “Ah, se o dinheiro for do Estado, não haverá mais grana ilícita na eleição”. Vocês sabem: é mentira. Sem uma severa punição para o financiamento ilegal, ele continuará a acontecer e vai se somar ao dinheiro público.

A infiltração das escolas pelo narcotráfico é realmente investigada e punida, ou se faz de conta que tudo é muito normal (com receio de prejudicar o espetáculo)? Vocês conhecem a resposta. Aí disse o ministro da Cultura, Gilberto Gil, com aquela sua sintaxe-elástico, sempre espichando o simples para lhe conferir aparência de complexidade: “Não é a partir disso que o Ministério da Cultura se move no sentido de um parceiro, mas ajuda. Todo aporte de recursos a ações culturais da comunidade é um fator inibidor dos riscos da ilegalidade, do convívio com a criminalidade”.

É uma mentira teórica e prática. Também a cultura pode estar infiltrada pelo crime, especialmente pelo narcotráfico. É o caso dos bailes funk e das escolas de samba. Ademais, note-se: tratam-se R$ 12 milhões como se fossem uma mixaria. Quem vai prestar contas pelo dinheiro? Como? A quem? Com que fiscalização?



Que pitizinho mais fora de lugar. Primeiro o sr apelou no titulo para aquela imagem tangencialmente racista (desculpa, eu queria encontrar uma palavra em português que fosse equivalente a "borderline")...

Carnaval pode ser algo meio patético em SP, mas aqui no Rio leva-se muito a sério e realmente faz-se necessário dar um apoio adicional num momento em que o antigo presidente da Liesa (Liga das Escolas de Samba) se encontra no xilindró.

Essa ladainha pseudoliberalista de oposição é muito fraca, sr. Reinaldo... Como tenho algum tempo livre vou aproveitar para descrever todas as medidas que foram tomadas pelo governo (federal, estadual e municipal) para ajudar a melhorar a nossa Festinha Profana:

- A Prefeitura construiu a Cidade do Samba para abrigar os barracões num espaço público com maior potencial turístico (posto que junta todas escolas num mesmo lugar e não fica em área de risco)

- A Polícia Federal desbaratou uma quadrilha que estava envolvida nos mais diversos problemas (e ainda contava com a participação de desembargadores)

- Na órbita estadual implantou-se uma nova política de segurança pública que pode ser resumida de forma bem simples: "Bandido é bandido. Polícia é polícia."

Espero que esses tópicos sejam esclarecedores, mas se for complexo eu posso até desenhar...

Agora para responder às suas críticas sobre falta de accountability (ou responsabilização) e da intervenção estatal...

+ A festa é vista por milhões de pessoas... Se embolsarem a grana vai ficar meio evidente. A princípio a preocupação parece ser simplesmente ocupar o vácuo dos contraventores e não deixar espaço para traficantes (vide o caso do presidente da Estação Primeira de Mangueira com o Beira-Mar)

+ Eu acho bobo quando alguém critica "intervencionismo estatal" quase por reflexo involuntário (como no seu caso). Há algum consenso entre economistas os mais liberais (preferimos o termo "mainstream") de que em alguns setores pode ser interessante os agentes públicos incentivarem atividades. Pense no Carnaval Carioca como uma "indústria nascente". No futuro ela pode até ganhar viabilidade econômica com o patrocínio de grandes empresas (privadas ou não), mas por ora os únicos financiadores particulares são os narcoempreendedores.

Acho que ficou bem claro, agora (heheh)

Abraço.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Eta Carinae -- Graça Maior

(Dirceu Melo)

Quando o sol surgiu pra mim
Com a sua graça maior
E eu vi que tinha você,
Do meu lado
Percebi que o tempo parou de passar,
Na vida tudo tem seu lugar
Não há um fim pra onde podemos chegar.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Reminiscências de 2006



querubim. [do hebr. kerubin, pl. de kerub, atr. do lat. cherubin.] S.f. 3. Fig. Criança muito linda

"Mergulhei na minha vida quando te conheci
Um dia de inverno no meio de qualquer outro."

(Curioso como era sempre assim:
Voltando chato da escola
Indeciso entre ligar a TV ou esperar um milagre.)

"Estávamos..."

(Não, na verdade nunca "estávamos" nada antes!
Podia ser difícil acreditar nessa tristeza
Meio angst indizível e tão juvenil.
Como se fosse uma ilha ou autista
E nunca houvera tratado semelhantes.
Ou talvez – com menos empáfia –, sentira um mundo em possibilidade,
Delirantes maravilhas incríveis.)

"Mas faltavam palavras que coubessem nas horas.
A linguagem engasgava. Palpitação mórbida."

(São tantas versões de fato
Tem aquela – ótima –
Onde simplesmente nos apresentávamos,
Passando uma noite em sociedade anônima
Bebendo e fumando cultura pop.)

(São várias folhas em branco
Escritos os nomes em linhas gerais
E algumas indicações de palco.)

(Confesso que o improviso estranho
Deu sabor meio engraçado
Àquela madrugada de agosto.)

“Melhor seria não fosse o triálogo desequilibrado
A vexar o concerto.”

(Ah, mas isso é puro recalque!
Pra ser sincero,até gostava do cara.
Sem ironia: mais uma vez agradeço,
Com ironia: seu arquétipo tem lugar garantido.)

(Não faço questão de mal nem me desculpo.
Somos (eu, você e o acaso) co-autores
E responsáveis pelos feitos.)

[8-nov-2006 às 16h17min]

domingo, 25 de novembro de 2007

Sound of your voice - Barenaked ladies (with video!)

Uma musiquinha lesgal com um clipe divertido de uma dupla de dois humoristas americanos da geração internética, BaratsAndBereta:



The moon is full but there is an incompleteness
The days are beautiful but I feel a bitter sweetness
If I had a wish, or even a choice
I'd wake up to the sound of your voice
How I miss waking up to the sound of your voice

I let you down and fell right off of your good list
I hope each day you'll find peace and forgiveness
The alarm clock rings, What a lonely noise
And I long for the sound of your voice
Oh, how I miss waking up to the sound of your voice

Take it from me: there's not much to see
In this void

The saying goes there will be other dances (don't give up)
This little song is about second chances
Just say the word and I will rejoice
And wake up to the sound of your voice
Oh, how I miss waking up to the sound
To the sound (sound)
To the sound (to the sound)
To the sound
Waking up to the sound of your voice

Take it from me: there's not much to see
In this void

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Basta de clamares inocência -- Cartola

Basta de clamares inocência
Eu sei todo mal que a mim você fez
Você desconhece consciência
Só deseja o mal
A quem o bem te fez

Basta, não ajoelhes, vá embora
Se estás arrependido
Vê se chora

Quando você partiu me disse chora
Não chorei
Caprichosamente fui esquecendo
Que te amei

Hoje tu me encontras
Tão alegre e diferente
Jesus não castiga
O filho que está inocente

Basta, não ajoelhes, vá embora
Se estás arrependido
Vê se chora
Não é a música perfeita para o momento específico, mas tem muito a ver mesmo assim. Além disso a letra é sensacional!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Guerra e Paz

- I : Escalada -

O aroma de terra molhada antecipa
Pancadas
De chuva por vir

Essa chuva que cai maneira
É tagarela
E criptografa no céu:
"Não temas o trovão, meu filho...
Mas se quiseres a paz,
Então prepara-te para a guerra."

Espontaneamente separo
Meu uniforme de campanha
E escrevo cartas-testamento
Jurando amor após a morte (inevitável)
A tantas mulheres desta vida breve
(Mesmo àquelas que sequer conheci)

O clamor de trombetas me impele,
Subjugando o medo que contraria meu coração

As conversas diplomáticas desandaram
E a tempestade lá fora
É enchente de lágrimas coletivas
Que inundam salgadas
De dores e traumas
Sofridos
Por antecipação.

- II : Choque -

Decerto não amo o conflito,
Tampouco desejo ver correndo
O sangue alheio por minhas mãos.

De que me importa o motivo mais nobre a lavar a alma
Se a avalanche de mágoas e corpos
Soterrará minha parca redenção?

Oh, Deus, escutai essa prece...
"Oxalá que fôra possível apaziguar o atrito
E unir a todos durante a ceia
Em louvor ao nascimento de Vosso filho
(Feito uma enorme família feliz)."

Mas os céus foram bem claros:
"Não há escapatória.
Se quiseres a paz,
Então prepara-te para a guerra"

Por favor me proteja, ó Pai...

- III : Sobrevida -

A glória da batalha veio em vão.
E concordo com Pirro, que ceticamente indaga:
"Vitória?"

O tempo há de cauterizar as feridas
E transfigurar chagas em cicatrizes
Que eternamente nos lembrarão
Das perdas e baixas desta lida.

Mais tarde, quando o Tribunal dos Pecados
Me intimar e pesar meus mortos,
Minha única defesa a proferir será:
"Peço desculpas a todos os corações partidos.
Eu só quis a paz
E é justamente por isso
Que vim, vi e venci
A guerra."

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Untimely declaration of war

- I : Call to arms -

Vez por outra a desgraça me comove
E mesmo contrariado, pego em armas.
Sem medo de usá-las, ainda choro.
Do conflito em escalada
Não há escapatória:

"Eu sei que vou sofrer..."
Eu sei que vou matar.
Quero sobreviver
Pelos destroços
Ressuscitar.
Vencer só por vencer
Não sei
Comemorar.


- II : Deterrence -

"Se há sangue correndo nas ruas
Compre ações."
Há um lado de mim nefasto
Programado para matar.
Nem poético, nem democrático,
Sim truculento e implacável.

E esse barril de pólvora é apólice
que assegura minha humanidade.
É meu filhote de pitbull assassino
que se deleita ao dilacerar.

Cultivo a violência com apuro e carinho
para não sucumbir ao fascínio
para que ainda seja eficaz
e não tenha que usá-la.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Andrew Sullivan -- Goodbye to All That (part I)

The logic behind the candidacy of Barack Obama is not, in the end, about Barack Obama. It has little to do with his policy proposals, which are very close to his Democratic rivals’ and which, with a few exceptions, exist firmly within the conventions of our politics. It has little to do with Obama’s considerable skills as a conciliator, legislator, or even thinker. It has even less to do with his ideological pedigree or legal background or rhetorical skills. Yes, as the many profiles prove, he has considerable intelligence and not a little guile. But so do others, not least his formidably polished and practiced opponent Senator Hillary Clinton.



Obama, moreover, is no saint. He has flaws and tics: Often tired, sometimes crabby, intermittently solipsistic, he’s a surprisingly uneven campaigner.



A soaring rhetorical flourish one day is undercut by a lackluster debate performance the next. He is certainly not without self-regard. He has more experience in public life than his opponents want to acknowledge, but he has not spent much time in Washington and has never run a business. His lean physique, close-cropped hair, and stick-out ears can give the impression of a slightly pushy undergraduate. You can see why many of his friends and admirers have urged him to wait his turn. He could be president in five or nine years’ time—why the rush?



But he knows, and privately acknowledges, that the fundamental point of his candidacy is that it is happening now. In politics, timing matters. And the most persuasive case for Obama has less to do with him than with the moment he is meeting. The moment has been a long time coming, and it is the result of a confluence of events, from one traumatizing war in Southeast Asia to another in the most fractious country in the Middle East. The legacy is a cultural climate that stultifies our politics and corrupts our discourse.



Obama’s candidacy in this sense is a potentially transformational one. Unlike any of the other candidates, he could take America—finally—past the debilitating, self-perpetuating family quarrel of the Baby Boom generation that has long engulfed all of us. So much has happened in America in the past seven years, let alone the past 40, that we can be forgiven for focusing on the present and the immediate future. But it is only when you take several large steps back into the long past that the full logic of an Obama presidency stares directly—and uncomfortably—at you.



At its best, the Obama candidacy is about ending a war—not so much the war in Iraq, which now has a mo­mentum that will propel the occupation into the next decade—but the war within America that has prevailed since Vietnam and that shows dangerous signs of intensifying, a nonviolent civil war that has crippled America at the very time the world needs it most. It is a war about war—and about culture and about religion and about race. And in that war, Obama—and Obama alone—offers the possibility of a truce.



The traces of our long journey to this juncture can be found all around us. Its most obvious manifestation is political rhetoric. The high temperature—Bill O’Reilly’s nightly screeds against anti-Americans on one channel, Keith Olbermann’s “Worst Person in the World” on the other; MoveOn.org’s “General Betray Us” on the one side, Ann Coulter’s Treason on the other; Michael Moore’s accusation of treason at the core of the Iraq War, Sean Hannity’s assertion of treason in the opposition to it—is particularly striking when you examine the generally minor policy choices on the table. Something deeper and more powerful than the actual decisions we face is driving the tone of the debate.



Take the biggest foreign-policy question—the war in Iraq. The rhetoric ranges from John McCain’s “No Surrender” banner to the “End the War Now” absolutism of much of the Democratic base. Yet the substantive issue is almost comically removed from this hyperventilation. Every potential president, Republican or Democrat, would likely inherit more than 100,000 occupying troops in January 2009; every one would be attempting to redeploy them as prudently as possible and to build stronger alliances both in the region and in the world. Every major candidate, moreover, will pledge to use targeted military force against al-Qaeda if necessary; every one is committed to ensuring that Iran will not have a nuclear bomb; every one is committed to an open-ended deployment in Afghanistan and an unbending alliance with Israel. We are fighting over something, to be sure. But it is more a fight over how we define ourselves and over long-term goals than over what is practically to be done on the ground.



On domestic policy, the primary issue is health care. Again, the ferocious rhetoric belies the mundane reality. Between the boogeyman of “Big Government” and the alleged threat of the drug companies, the practical differences are more matters of nuance than ideology. Yes, there are policy disagreements, but in the wake of the Bush administration, they are underwhelming. Most Republicans support continuing the Medicare drug benefit for seniors, the largest expansion of the entitlement state since Lyndon Johnson, while Democrats are merely favoring more cost controls on drug and insurance companies. Between Mitt Romney’s Massachusetts plan—individual mandates, private-sector leadership—and Senator Clinton’s triangulated update of her 1994 debacle, the difference is more technical than fundamental. The country has moved ever so slightly leftward. But this again is less a function of ideological transformation than of the current system’s failure to provide affordable health care for the insured or any care at all for growing numbers of the working poor.



Even on issues that are seen as integral to the polarization, the practical stakes in this election are minor. A large consensus in America favors legal abortions during the first trimester and varying restrictions thereafter. Even in solidly red states, such as South Dakota, the support for total criminalization is weak. If Roe were to fall, the primary impact would be the end of a system more liberal than any in Europe in favor of one more in sync with the varied views that exist across this country. On marriage, the battles in the states are subsiding, as a bevy of blue states adopt either civil marriage or civil unions for gay couples, and the rest stand pat. Most states that want no recognition for same-sex couples have already made that decision, usually through state constitutional amendments that allow change only with extreme difficulty. And the one state where marriage equality exists, Massachusetts, has decided to maintain the reform indefinitely.



Given this quiet, evolving consensus on policy, how do we account for the bitter, brutal tone of American politics? The answer lies mainly with the biggest and most influential generation in America: the Baby Boomers. The divide is still—amazingly—between those who fought in Vietnam and those who didn’t, and between those who fought and dissented and those who fought but never dissented at all. By defining the contours of the Boomer generation, it lasted decades. And with time came a strange intensity.



The professionalization of the battle, and the emergence of an array of well-funded interest groups dedicated to continuing it, can be traced most proximately to the bitter confirmation fights over Robert Bork and Clarence Thomas, in 1987 and 1991 respectively. The presidency of Bill Clinton, who was elected with only 43 percent of the vote in 1992, crystallized the new reality. As soon as the Baby Boomers hit the commanding heights, the Vietnam power struggle rebooted. The facts mattered little in the face of such a divide. While Clinton was substantively a moderate conservative in policy, his countercultural origins led to the drama, ultimately, of religious warfare and even impeachment. Clinton clearly tried to bridge the Boomer split. But he was trapped on one side of it—and his personal foibles only reignited his generation’s agonies over sex and love and marriage. Even the failed impeachment didn’t bring the two sides to their senses, and the election of 2000 only made matters worse: Gore and Bush were almost designed to reflect the Boomers’ and the country’s divide, which deepened further.



The trauma of 9/11 has tended to obscure the memory of that unprecedentedly bitter election, and its nail- biting aftermath, which verged on a constitutional crisis. But its legacy is very much still with us, made far worse by President Bush’s approach to dealing with it. Despite losing the popular vote, Bush governed as if he had won Reagan’s 49 states. Instead of cementing a coalition of the center-right, Bush and Rove set out to ensure that the new evangelical base of the Republicans would turn out more reliably in 2004. Instead of seeing the post-’60s divide as a wound to be healed, they poured acid on it.

Goodbye to All That (part II)

With 9/11, Bush had a reset moment—a chance to reunite the country in a way that would marginalize the extreme haters on both sides and forge a national consensus. He chose not to do so. It wasn’t entirely his fault. On the left, the truest believers were unprepared to give the president the benefit of any doubt in the wake of the 2000 election, and they even judged the 9/11 attacks to be a legitimate response to decades of U.S. foreign policy. Some could not support the war in Afghanistan, let alone the adventure in Iraq. As the Iraq War faltered, the polarization intensified. In 2004, the Vietnam argument returned with a new energy, with the Swift Boat attacks on John Kerry’s Vietnam War record and CBS’s misbegotten report on Bush’s record in the Texas Air National Guard. These were the stories that touched the collective nerve of the political classes—because they parsed once again along the fault lines of the Boomer divide that had come to define all of us.



The result was an even deeper schism. Kerry was arguably the worst candidate on earth to put to rest the post-1960s culture war—and his decision to embrace his Vietnam identity at the convention made things worse. Bush, for his part, was unable to do nuance. And so the campaign became a matter of symbolism—pitting those who took the terror threat “seriously” against those who didn’t. Supporters of the Iraq War became more invested in asserting the morality of their cause than in examining the effectiveness of their tactics. Opponents of the war found themselves dispirited. Some were left to hope privately for American failure; others lashed out, as distrust turned to paranoia. It was and is a toxic cycle, in which the interests of the United States are supplanted by domestic agendas born of pride and ruthlessness on the one hand and bitterness and alienation on the other.



This is the critical context for the election of 2008. It is an election that holds the potential not merely to intensify this cycle of division but to bequeath it to a new generation, one marked by a new war that need not be—that should not be—seen as another Vietnam. A Giuliani-Clinton matchup, favored by the media elite, is a classic intragenerational struggle—with two deeply divisive and ruthless personalities ready to go to the brink. Giuliani represents that Nixonian disgust with anyone asking questions about, let alone actively protesting, a war. Clinton will always be, in the minds of so many, the young woman who gave the commencement address at Wellesley, who sat in on the Nixon implosion and who once disdained baking cookies. For some, her husband will always be the draft dodger who smoked pot and wouldn’t admit it. And however hard she tries, there is nothing Hillary Clinton can do about it. She and Giuliani are conscripts in their generation’s war. To their respective sides, they are war heroes.



In normal times, such division is not fatal, and can even be healthy. It’s great copy for journalists. But we are not talking about routine rancor. And we are not talking about normal times. We are talking about a world in which Islamist terror, combined with increasingly available destructive technology, has already murdered thousands of Americans, and tens of thousands of Muslims, and could pose an existential danger to the West. The terrible failures of the Iraq occupation, the resurgence of al-Qaeda in Pakistan, the progress of Iran toward nuclear capability, and the collapse of America’s prestige and moral reputation, especially among those millions of Muslims too young to have known any American president but Bush, heighten the stakes dramatically.



Perhaps the underlying risk is best illustrated by our asking what the popular response would be to another 9/11–style attack. It is hard to imagine a reprise of the sudden unity and solidarity in the days after 9/11, or an outpouring of support from allies and neighbors. It is far easier to imagine an even more bitter fight over who was responsible (apart from the perpetrators) and a profound suspicion of a government forced to impose more restrictions on travel, communications, and civil liberties. The current president would be unable to command the trust, let alone the support, of half the country in such a time. He could even be blamed for provoking any attack that came.



Of the viable national candidates, only Obama and possibly McCain have the potential to bridge this widening partisan gulf. Polling reveals Obama to be the favored Democrat among Republicans. McCain’s bipartisan appeal has receded in recent years, especially with his enthusiastic embrace of the latest phase of the Iraq War. And his personal history can only reinforce the Vietnam divide. But Obama’s reach outside his own ranks remains striking. Why? It’s a good question: How has a black, urban liberal gained far stronger support among Republicans than the made-over moderate Clinton or the southern charmer Edwards? Perhaps because the Republicans and independents who are open to an Obama candidacy see his primary advantage in prosecuting the war on Islamist terrorism. It isn’t about his policies as such; it is about his person. They are prepared to set their own ideological preferences to one side in favor of what Obama offers America in a critical moment in our dealings with the rest of the world. The war today matters enormously. The war of the last generation? Not so much. If you are an American who yearns to finally get beyond the symbolic battles of the Boomer generation and face today’s actual problems, Obama may be your man.

Goodbye to All That (part III)

What does he offer? First and foremost: his face. Think of it as the most effective potential re-branding of the United States since Reagan. Such a re-branding is not trivial—it’s central to an effective war strategy. The war on Islamist terror, after all, is two-pronged: a function of both hard power and soft power. We have seen the potential of hard power in removing the Taliban and Saddam Hussein. We have also seen its inherent weaknesses in Iraq, and its profound limitations in winning a long war against radical Islam. The next president has to create a sophisticated and supple blend of soft and hard power to isolate the enemy, to fight where necessary, but also to create an ideological template that works to the West’s advantage over the long haul. There is simply no other candidate with the potential of Obama to do this. Which is where his face comes in.



Consider this hypothetical. It’s November 2008. A young Pakistani Muslim is watching television and sees that this man—Barack Hussein Obama—is the new face of America. In one simple image, America’s soft power has been ratcheted up not a notch, but a logarithm. A brown-skinned man whose father was an African, who grew up in Indonesia and Hawaii, who attended a majority-Muslim school as a boy, is now the alleged enemy. If you wanted the crudest but most effective weapon against the demonization of America that fuels Islamist ideology, Obama’s face gets close. It proves them wrong about what America is in ways no words can.



The other obvious advantage that Obama has in facing the world and our enemies is his record on the Iraq War. He is the only major candidate to have clearly opposed it from the start. Whoever is in office in January 2009 will be tasked with redeploying forces in and out of Iraq, negotiating with neighboring states, engaging America’s estranged allies, tamping down regional violence. Obama’s interlocutors in Iraq and the Middle East would know that he never had suspicious motives toward Iraq, has no interest in occupying it indefinitely, and foresaw more clearly than most Americans the baleful consequences of long-term occupation.



This latter point is the most salient. The act of picking the next president will be in some ways a statement of America’s view of Iraq. Clinton is running as a centrist Democrat—voting for war, accepting the need for an occupation at least through her first term, while attempting to do triage as practically as possible. Obama is running as the clearer antiwar candidate. At the same time, Obama’s candidacy cannot fairly be cast as a McGovernite revival in tone or substance. He is not opposed to war as such. He is not opposed to the use of unilateral force, either—as demonstrated by his willingness to target al-Qaeda in Pakistan over the objections of the Pakistani government. He does not oppose the idea of democratization in the Muslim world as a general principle or the concept of nation building as such. He is not an isolationist, as his support for the campaign in Afghanistan proves. It is worth recalling the key passages of the speech Obama gave in Chicago on October 2, 2002, five months before the war:




I don’t oppose all wars. And I know that in this crowd today, there is no shortage of patriots, or of patriotism. What I am opposed to is a dumb war. What I am opposed to is a rash war … I know that even a successful war against Iraq will require a U.S. occupation of undetermined length, at undetermined cost, with undetermined consequences. I know that an invasion of Iraq without a clear rationale and without strong international support will only fan the flames of the Middle East, and encourage the worst, rather than best, impulses of the Arab world, and strengthen the recruitment arm of al-Qaeda. I am not opposed to all wars. I’m opposed to dumb wars.



The man who opposed the war for the right reasons is for that reason the potential president with the most flexibility in dealing with it. Clinton is hemmed in by her past and her generation. If she pulls out too quickly, she will fall prey to the usual browbeating from the right—the same theme that has played relentlessly since 1968. If she stays in too long, the antiwar base of her own party, already suspicious of her, will pounce. The Boomer legacy imprisons her—and so it may continue to imprison us. The debate about the war in the next four years needs to be about the practical and difficult choices ahead of us—not about the symbolism or whether it’s a second Vietnam.



A generational divide also separates Clinton and Obama with respect to domestic politics. Clinton grew up saturated in the conflict that still defines American politics. As a liberal, she has spent years in a defensive crouch against triumphant post-Reagan conservatism. The mau-mauing that greeted her health-care plan and the endless nightmares of her husband’s scandals drove her deeper into her political bunker. Her liberalism is warped by what you might call a Political Post-Traumatic Stress Syndrome. Reagan spooked people on the left, especially those, like Clinton, who were interested primarily in winning power. She has internalized what most Democrats of her generation have internalized: They suspect that the majority is not with them, and so some quotient of discretion, fear, or plain deception is required if they are to advance their objectives. And so the less-adept ones seem deceptive, and the more-practiced ones, like Clinton, exhibit the plastic-ness and inauthenticity that still plague her candidacy. She’s hiding her true feelings. We know it, she knows we know it, and there is no way out of it.



Obama, simply by virtue of when he was born, is free of this defensiveness. Strictly speaking, he is at the tail end of the Boomer generation. But he is not of it.




“Partly because my mother, you know, was smack-dab in the middle of the Baby Boom generation,” he told me. “She was only 18 when she had me. So when I think of Baby Boomers, I think of my mother’s generation. And you know, I was too young for the formative period of the ’60s—civil rights, sexual revolution, Vietnam War. Those all sort of passed me by.”



Obama’s mother was, in fact, born only five years earlier than Hillary Clinton. He did not politically come of age during the Vietnam era, and he is simply less afraid of the right wing than Clinton is, because he has emerged on the national stage during a period of conservative decadence and decline. And so, for example, he felt much freer than Clinton to say he was prepared to meet and hold talks with hostile world leaders in his first year in office. He has proposed sweeping middle-class tax cuts and opposed drastic reforms of Social Security, without being tarred as a fiscally reckless liberal. (Of course, such accusations are hard to make after the fiscal performance of today’s “conservatives.”) Even his more conservative positions—like his openness to bombing Pakistan, or his support for merit pay for public-school teachers—do not appear to emerge from a desire or need to credentialize himself with the right. He is among the first Democrats in a generation not to be afraid or ashamed of what they actually believe, which also gives them more freedom to move pragmatically to the right, if necessary. He does not smell, as Clinton does, of political fear.



There are few areas where this Democratic fear is more intense than religion. The crude exploitation of sectarian loyalty and religious zeal by Bush and Rove succeeded in deepening the culture war, to Republican advantage. Again, this played into the divide of the Boomer years—between God-fearing Americans and the peacenik atheist hippies of lore. The Democrats have responded by pretending to a public religiosity that still seems strained. Listening to Hillary Clinton detail her prayer life in public, as she did last spring to a packed house at George Washington University, was at once poignant and repellent. Poignant because her faith may well be genuine; repellent because its Methodist genuineness demands that she not profess it so tackily. But she did. The polls told her to.



Obama, in contrast, opened his soul up in public long before any focus group demanded it. His first book, Dreams From My Father, is a candid, haunting, and supple piece of writing. It was not concocted to solve a political problem (his second, hackneyed book, The Audacity of Hope, filled that niche). It was a genuine display of internal doubt and conflict and sadness. And it reveals Obama as someone whose “complex fate,” to use Ralph Ellison’s term, is to be both believer and doubter, in a world where such complexity is as beleaguered as it is necessary.



This struggle to embrace modernity without abandoning faith falls on one of the fault lines in the modern world. It is arguably the critical fault line, the tectonic rift that is advancing the bloody borders of Islam and the increasingly sectarian boundaries of American politics. As humankind abandons the secular totalitarianisms of the last century and grapples with breakneck technological and scientific discoveries, the appeal of absolutist faith is powerful in both developing and developed countries. It is the latest in a long line of rebukes to liberal modernity—but this rebuke has the deepest roots, the widest appeal, and the attraction that all total solutions to the human predicament proffer. From the doctrinal absolutism of Pope Benedict’s Vatican to the revival of fundamentalist Protestantism in the U.S. and Asia to the attraction for many Muslims of the most extreme and antimodern forms of Islam, the same phenomenon has spread to every culture and place.



You cannot confront the complex challenges of domestic or foreign policy today unless you understand this gulf and its seriousness. You cannot lead the United States without having a foot in both the religious and secular camps. This, surely, is where Bush has failed most profoundly. By aligning himself with the most extreme and basic of religious orientations, he has lost many moderate believers and alienated the secular and agnostic in the West. If you cannot bring the agnostics along in a campaign against religious terrorism, you have a problem.



Here again, Obama, by virtue of generation and accident, bridges this deepening divide. He was brought up in a nonreligious home and converted to Christianity as an adult. But—critically—he is not born-again. His faith—at once real and measured, hot and cool—lives at the center of the American religious experience. It is a modern, intellectual Christianity. “I didn’t have an epiphany,” he explained to me. “What I really did was to take a set of values and ideals that were first instilled in me from my mother, who was, as I have called her in my book, the last of the secular humanists—you know, belief in kindness and empathy and discipline, responsibility—those kinds of values. And I found in the Church a vessel or a repository for those values and a way to connect those values to a larger community and a belief in God and a belief in redemption and mercy and justice … I guess the point is, it continues to be both a spiritual, but also intellectual, journey for me, this issue of faith.”